Por: Diego Barros
Diretor do Centro Cultural Brasil-Finlândia
Diretor do Centro Cultural Brasil-Finlândia
O Teatro do Oprimido teve sua origem a partir das experiências
realizadas por Augusto Boal, no final da década de 1960, e teve seu auge com o lançamento
do livro Teatro do Oprimido e Outras Poéticas Politicas, em 1975.
O conteúdo estético-teatral do Teatro do Oprimido - fortemente
influenciado pela Pedagogia do Oprimido, de Paulo Freire - pode ser expresso,
em cena, através de diferentes metodologias. Uma delas, que não figura entre
as técnicas mais conhecidas, é intitulada Teatro Jornal. Esta forma teatral foi
criada em resposta à falsa imparcialidade dos meios de comunicação, os
quais, no entendimento de Boal, serviam na verdade como instrumento de divulgação
implícita dos ideais dos seus proprietários.
O Teatro Jornal é um conjunto de doze métodos de transformação
de textos jornalísticos em cenas teatrais que visa desmascarar a dita
imparcialidade dos meios de comunicação, trabalhando em cena justamente os
acontecimentos que eram distorcidos nas versões midiáticas. Revelava-se na
apresentação as entrelinhas da notícia. Também mostrava-se ao público como
na prática os editores de um jornal poderiam manipular o sentido de uma
notícia, não somente manipulando o emprego das palavras, mas também a partir
da própria diagramação do jornal. O Teatro Jornal foi criado no início da
década de 1970, e foi muito utilizado em seus espetáculos no Teatro de Arena,
em São Paulo.
Nos últimos tempos, o mundo encontra-se sob o jugo de uma crise
econômica que, desde o início do segundo decênio do século XXI, tem
influenciado mais nitidamente e incisivamente a realidade de diferentes
sociedades. Ainda que o acesso à informação hoje em dia seja facilitado pela
distribuição e compartilhamento nas redes sociais, por outro lado, a
informação é mais facilmente manipulada por aqueles que conhecem e controlam
os meios para tal. A crise - antes moral do que econômica -, oferece por outro
lado uma necessidade de busca por um reposicionamento em relação a certos
valores. Este reposicionamento, antes de ser confundido como uma tentativa de
revolução, se constitui enquanto uma busca pela evolução, que é
afinal a direção para a qual tudo e todos invariavelmente marcham.
*Para mais informações sobre Teatro do Oprimido, atores
não-profissionais, ou sobre diferentes estéticas teatrais contemporâneas,
acesse a versão online da tese Em busca
de um ator livre: ideias sobre o não-ator em contextos teatrais contemporâneos,
publicada pela Universidade de Lisboa:
repositorio.ul.pt/bitstream/10451/24546/1/ulfl216716_tm.pdf
repositorio.ul.pt/bitstream/10451/24546/1/ulfl216716_tm.pdf